sábado, 15 de janeiro de 2011

Do Restart ao Bon Jovi, bandas apostam na venda de ingressos VIP para driblar a classe


RIO - Em geral, área VIP, no Brasil, é aquela na qual são colocadas as pessoas consideradas importantes, que não necessariamente gostam do artista X, para não serem incomodadas pelas pessoas que adoram esse mesmo artista, mas não são consideradas importantes. Mas esse segregado universo das pulseiras coloridas está em transformação. No exterior, onde VIP é quem paga, não quem se acha, artistas como Bon Jovi, Lady Gaga e Black Eyed Peas estão dando um novo valor a essas áreas.
Conscientes da atual importância das turnês - com a venda dos discos em declínio, são os shows que garantem a sua sobrevivência -, essas estrelas oferecem, quase sempre através dos seus sites e por quantias nada módicas (algumas chegam perto dos US$ 2 mil), uma série de mimos para os fãs que desejam ser realmente VIP. Eles incluem desde discos autografados até um encontro com os ídolos. Entre os artistas nacionais, porém, essa tendência ainda engatinha. Astros pop como Pitty e Jota Quest não vendem áreas VIP em seus shows. O emergente Restart, porém, já namora a iniciativa.
Na sua "The end world tour", que percorre a América do Norte, os Black Eyed Peas, por exemplo, oferecem três tipos de ingresso VIP. O mais bacana deles inclui passeio pelo >ita<backstage, cópia autografada do disco "The end", bar liberado, programa do show, um guia (?) e encontro com um dos integrantes da banda. Preço da experiência: US$ 575.
- Essa parece ser mesmo uma tendência, uma forma de o artista faturar mais com os shows, o que, para ele, é cada vez mais uma necessidade - conta o produtor de eventos Luiz Oscar Niemeyer, que já trouxe ao Brasil Paul McCartney, Eric Clapton e Beyoncé, além de ter comandado eventos como o Rock In Rio I e o Hollywood Rock. - A questão é que, no Brasil, muitos shows são patrocinados, e a organização tem que oferecer essas áreas VIPs ao patrocinador, como retorno.
Por US$ 975, o Kiss faz a festa dos seus VIPs, com camiseta da turnê, palheta de guitarra, cartaz e foto com todos os mascarados da banda. Outro veterano do rock, o Aerosmith, oferece, por salgados US$ 1.450, camiseta, acesso a uma festa de karaokê (??) no backstage e um encontro com a dupla Steven Tyler e Joe Perry.
- Por aqui, esse tipo de coisa ainda está ligada a promoções destinadas aos fã-clubes - diz Horácio Brandão, da empresa Media Mania, que faz assessoria para numerosos eventos e shows. - No show dos Backstreet Boys, no ano passado, 200 fãs pagaram um valor a mais e puderam ver a passagem de som.
Foto no pedestal
Empresário e produtor artístico do grupo adolescente Restart, Marcos Maynard confirma essa prática, ainda tímida em relação aos pacotes estrangeiros.
- Temos três pacotes VIP. Tem o pacote para ir ao camarim e tirar foto com a banda; o pacote para assistir à passagem de som; e o pacote mais caro, no qual o fã tem acesso ao backstage, com direito a canapés e a bebida não alcoólica, onde pode encontrar a banda para um bate-papo. Os preços variam entre R$ 150 e R$ 300, além do ingresso.
Pelo valor, a iniciativa do Restart é café com leite perto do que faz Bon Jovi, que se apresenta no próximo dia 6 de outubro no Morumbi, em São Paulo. Em turnê mundial com o show "The circle", o astro americano cobra caro dos seus VIPs (US$ 1.875, o pacote mais "exclusivo"), embora não ofereça um contato direto com os fãs. Por esse valor, o fã de carteirinha mais recheada recebe uma bolsa da turnê, ganha acesso a um bufê com comida e bebida liberados, e pode subir ao palco, após o show, e tirar uma foto do pedestal de Jon Bon Jovi (é sério).
Segundo a assessoria da empresa Time For Fun, responsável pela vinda de Bon Jovi ao Brasil, essa prática vai se repetir no show do Morumbi, mas tudo é feito pelo site da banda, no exterior (inclusive o pagamento), e não passa pela empresa, que apenas libera o acesso desses megaVIPs.
De fato, o site de Bon Jovi (www.bonjovi.com) revela uma opção VIP para o show em São Paulo (mas, para comprá-la, o fã deve, antes, se cadastrar no fã-clube oficial da banda, por US$ 50). Ela oferece, por US$ 500, "deliciosas bebidas e comidas" durante o show, acesso aos bastidores, uma credencial, programa autografado e uma "atenciosa" assessoria nos camarins. Os interessados e abastados, porém, devem apressar suas aspirações VIPs: a primeira leva do pacote está esgotada.

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